Casa com Chaminé Algarvia na Rua do Castelo, n.º 22

IPA.00001210
Portugal, Faro, Silves, São Marcos da Serra
 
Casa unifamiliar setecentista, de planta rectangular organizada em três pisos beneficiando do declive do terreno em que se implanta, sem elementos estilísticos que permitam concluir pela época de construção original, sobressaindo a ruralidade da arquitectura tradicional algarvia. Casa implantada no centro histórico da vila, beneficiando do acentuado declive da encosta para se afirmar como um dos imóveis mais altos de toda a zona; no topo ergue-se a chaminé de grandes proporções, visível a uma distância considerável e significando assim uma evidente marca de poder e de prestígio social para uma mentalidade rural que via nas proporções da chaminé a medida exacta do seu sucesso na comunidade; constitui um local de primeira importância arqueológica na povoação.
Número IPA Antigo: PT050813060014
 
Registo visualizado 299 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

Planta longitudinal regular. Massa homogénea disposta horizontalmente à cota da fachada principal e verticalmente às cotas mais baixas do alçado posterior. Cobertura homogénea em telhado de três águas pouco pronunciado. Fachada principal a NE., de um registo e com organização tripartida dos vãos: portal principal ao centro, de arco rebaixado e intradorso pronunciado sobrepujado por pequeno painel de azulejos identificando o número de polícia da porta, ladeado por duas janelas quadrangulares, igualmente com intradorso profundo; telhado assente em cornija rectangular desenvolvida, que corre ao longo de todo o alçado, até aos cunhais, estes sem qualquer marcação na caixa murária. Fachada lateral SE., em pronunciado declive, organizada em pano único; a E., uma janela quadrangular idêntica às da fachada principal; a O. uma porta de arco rebaixado, de perfil semelhante ao portal principal, que dá acesso ao interior; esta porta é protegida por um muro, (saliente em relação à fachada lateral por um troço virado a NE. que é protegido superiormente por um gradeamento de ferro) que acompanha a fachada lateral e delimita todo o terreno para SO.; sensivelmente no prolongamento da fachada posterior, o muro possui uma pilastra adossada, de secção quadrangular e com perfil superior truncado; linha do telhado assenta em duplo beiral, à excepção de um pequeno troço que corresponde à continuidade natural do cunhal que delimita a fachada principal. Fachada lateral NO. adossada. Fachada posterior, implantada sobre a encosta e virada para SO., organiza-se a dois registos, de um pano apenas; primeiro registo ocultado pelo muro que delimita o quintal, uma massa murária branca disposta verticalmente com uma porta de acesso ao exterior, de arco recto e aberta sensivelmente a dois terços do muro para S.; superiormente, quatro tubos circulares incrustados na parede que fazem o escoamento de águas do interior; segundo registo com quatro vãos, simetricamente dispostos entre si e com um mesmo perfil, de intradorso profundo e arco rebaixado, abrindo para uma pequena varanda; telhado assente em duplo beiral, à semelhança do que acontece na fachada lateral SE. CHAMINÉ: implanta-se sobre a fachada lateral SE., no espaço de intersecção das arestas do telhado que definem as águas, e organiza-se verticalmente em em três registos de planta centralizada: primeiro registo, correspondente à base, compreende uma forma oitavada, que é mais profunda a SE. pelo maior declive do telhado, ostentando uma cartela com inscrição na face virada a SSE.; segundo registo de forma quadrada com decoração de motivos geométricos em estuque, contendo quatro pequenos pináculos nas extremidades; terceiro registo de planta circular, com uma grelha a proteger a boca e remate em cúpula decorada com elementos geométricos circulares e arestas vivas em alternância; chaminé termina com pináculo de feição polilobada e coroa na extremidade, que eleva ainda mais a chaminé em altura. INTERIOR: Espaços diferenciados em várias dependências dispostas paralelamente em relação à fachada principal; piso superior: a partir da entrada principal acede-se a um átrio rectangular que estabelece a comunicação com as restantes dependências da casa: a NO. uma pequena zona de sanitários, adossada à fachada principal, e um quarto, de planta quadrangular com iluminação a partir da janela na fachada principal; a SE. um quarto que confronta com o cunhal SE. do edifício, sendo iluminado pelas janelas que se situam na Rua do Castelo e na Travessa da Fonte; para O. três outras dependências, duas salas e a cozinha, implantada no extremo SE. do imóvel; varanda virada a SO. corre toda a fachada posterior ao nível deste piso; escadaria de acesso ao piso inferior colocada entre a cozinha e a sala central da secção SO., a dois lanços; primeiro piso apresenta uma área útil menor que a do piso principal, faltando a secção NE., que devido ao declive do terreno não se construiu; apresenta uma sala a N., de planta rectangular e que é a maior dependência interior de todo o imóvel; para S. um pequeno espaço de transição para se aceder ao exterior, um quintal a que se acede por meio de três vãos de arcos rebaixados.

Acessos

Rua do Castelo, nº 22; Travessa da Escada. VWGS84 (graus decimais) lat. 37,362636 long. -8,378335.

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º45/93, DR, 1.ª série - B, n.º 280 de 30 de novembro de 1993 *1

Enquadramento

Urbano, planalto em declive para SO., em pleno centro histórico da vila, no local mais alto e na artéria que ligava o Castelo (v. 0813070002) à Igreja Matriz (v. 0813060045). Fachada principal a NE., confrontando com o edifício da Junta de Freguesia de São Marcos da Serra, construção recente de três pisos claramente dissonante do restante casario tradicional que ainda se conserva a espaços no centro histórico. Fachada lateral NNO. adossada a edifício de dois pisos, dissonante e com múltiplos acrescentos. Fachada lateral SE. delimitada por muro, confrontando com a Tv. da Escada, via pública orientada no sentido NE. - SO. e que acompanha o acentuado declive da encosta. Fachada posterior SO., em dois pisos em terraço sobre a encosta, definindo quintal protegido por amplo muro. Perto deste imóvel, para SSE., localiza-se a Igreja Matriz (v. 0813060045) e um amplo miradouro orientado a E., com jardim, parque de estacionamento, e sanitários públicos, estes construídos junto ao edifício da Junta de Freguesia e de acordo com as mesmas dominantes arquitectónicas.

Descrição Complementar

Cartela rectangular disposta horizontalmente na face SSE. da chaminé contem a inscrição: "1909 / F. M." *2.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 (conjectural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - Provável data de construção da casa e respectiva chaminé; 1909 - Data inscrita numa cartela da chaminé; 1986, 20 de Janeiro - A Casa do Algarve (de Lisboa) propôs a classificação do imóvel *3; 1999 - Projecto de remodelação do imóvel (com impacto ao nível das coberturas) dá entrada na Câmara Municipal de Silves; 2000-2001 - Obras de remodelação do imóvel.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada; madeira; vidro; telha; tijoleira

Bibliografia

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMS; IPPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMS; IPPAR

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; CMS; IPPAR

Intervenção Realizada

Proprietário: 2001-2002 -obras de conservação geral e de substituição de materiais, com renovação de pintura, de cantarias, de telhado e de interiores, construção de um anexo no piso inferior adossado ao quintal pelo lado SO. e ao muro que delimita a propriedade, de planta rectangular e com telheiro de uma água.

Observações

*1 - DOF - Casa com chaminé algarvia, séc. XVII, na Rua do Castelo, nº 22, e na Travessa da Escada; *2 - Entende-se esta data como a de construção da chaminé; as iniciais F. M. podem referir-se ao proprietário encomendador, ou mesmo ao pedreiro; *3 - Nesta proposta de classificação a chaminé é datada de finais do século 17 ou inícios do século 18; parece ser a primeira vez em que tal datação é proposta, não se refere a inscrição com a data de 1909.

Autor e Data

João Neto 1991 / Paulo Fernandes 2002

Actualização

 
 
 
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