Capela de Santa Marinha / Capela do Senhor Jesus de Santa Marinha

IPA.00011953
Portugal, Vila Real, Sabrosa, União das freguesias de Provesende, Gouvães do Douro e São Cristóvão do Douro
 
Capela alpendrada, medieval, oitocentista e neoclássica, de planta poligonal composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com tectos de madeira e iluminada lateralmente, tendo adossada à fachada lateral esquerda sacristia rectangular. Fachada principal com alpendre sobre colunas, com chanfro, e nave terminada em empena, com friso e cornija, e rasgada por portal em arco de volta perfeita e janela, sobre o alpendre. Fachadas laterais terminadas em beirada simples e rasgadas por janela de capialço e, na lateral direita, por porta travessa. Fachada posterior cega, terminada em empena. No interior possui coro-alto, de madeira, púlpito no lado do Evangelho, dois retábulos colaterais, de talha policroma e de planta recta e um eixo, neoclássicos, ladeando o arco triunfal, que é de volta perfeita, sobre vários silhares e impostas. Na capela-mor possui retábulo de pedra com maquineta envidraçada encimada por nicho.
Número IPA Antigo: PT011710080039
 
Registo visualizado 77 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal composta por nave única, precedida por alpendre, e capela-mor, mais baixa e estreita, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia rectangular. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na capela, de quatro no alpendre, coroado por pináculo cerâmico, e de uma na sacristia, esta na continuidade do da capela-mor. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, à excepção da principal que é em cantaria granito aparente, com as juntas tomadas e pintadas de branco, com cunhais de perpianhos e terminadas em beirada simples. Fachada principal virada a O., com alpendre sustentado por cinco pilares com chanfro e bases quadradas marcadas, assente em murete em alvenaria de xisto e capeado a cantaria; o alpendre tem tecto de madeira, em gamela, com tirantes de ferro. A capela termina em empena, com friso e cornija, de cunhais horizontalizados, coroados por pináculos galbados e, ao centro, cruz latina de cantaria, de braços com chanfro e terminados em botão, sobre acrotério; é rasgada por portal em arco de volta perfeita, de aduelas largas e irregulares, sobre os pés-direitos e, sobre o alpendre, por janela, adaptada ao perfil da empena, gradeada. Fachada lateral esquerda, virada a N., rasgada por fresta de capialço e a sacristia por porta de verga recta de moldura simples, a O.. Fachada lateral S. com nave rasgada por porta travessa de verga recta, alta, encimada por silhar com cruz de sagração, janela de capialço e pequena fresta com moldura ladeada por silhar com cruz de sagração; sob esta fresta abre-se pequeno arcosólio, em arco de volta perfeita sobre os pés direitos, tendo frontalmente mesa de altar, em pedra, sobre pé rectangular; junto ao cunhal SO., interrompendo a beirada e sobre cornija, surge sineira, composta por dois pilares, com chanfro, coroados por elementos ovalados em cantaria. Na capela-mor, abre-se ainda janela de capialço. Fachada posterior com capela-mor cega, terminada em empena e a sacristia em meia empena e rasgada por fresta de capialço. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de granito e tecto de madeira envernizada, em masseira, assente em cornija do mesmo material, na nave e de perfil curvo na capela-mor. Nave com coro-alto de madeira, acedido por escadas dispostas no lado da Epístola e com guarda em balaústres de madeira. No sub-coro, a parede que ladeia o portal apresenta vestígios de um antigo vão rectangular jacente, actualmente entaipado, junto ao qual existe pia baptismal, de perfil espiralado, com oito faces, sobre pé cilíndrico, liso. No lado do Evangelho, sensivelmente a meio, surge o púlpito, de talha policroma a verde, rosa e apontamentos dourados, com bacia rectangular, guarda plena decorada com cartela de elementos volutados e fitomórficos inserida em almofada facetada, sendo acedido por escada de madeira com guarda em falsos balaústres e tendo na coluna de arranque confessionário. Arco triunfal de volta perfeita, composta por aduelas bastante largas e irregulares, assentes em impostas, sobre pilares e outros silhares, um deles marcado por sulcos horizontais. É ladeado por dois retábulos colaterais, postos de ângulo, de talha policroma a rosa e dourado, de planta recta e um eixo. Na capela-mor a parede testeira integra retábulo de pedra, composto por maquineta envidraçada, com porta enquadrada por dois frisos, interiormente albergando a imagem de Cristo morto, terminando em cornija, bastante avançada e mais saliente ao centro; sobre esta abre-se nicho em arco de volta perfeita, assente em quatro pilastras, as exteriores encimadas por volutas e as interiores almofadadas, com fecho sobreposto por acanto e encimado por cruz latina de cantaria; lateralmente surgem embebidos dois pináculos terminados em flor-de-liz, sobre plintos almofadados. Frontalmente possui supedâneo de madeira, formado por três degraus, sobre o qual assenta mesa de altar, tipo urna, com frontal ornado com cartela oval. No lado do Evangelho abre-se porta de verga recta de acesso à sacristia. Junto à fachada lateral S. da capela-mor, existem duas sepulturas antropomórficas

Acessos

EN. 323, junto ao cruzamento para Provesende. WGS84: 41º13'46.76''N., 7º33'54.90''O. (2009)

Protecção

Incluído na Zona de Proteção do Cemitério lusitano-romano na Quinta da Relva (v. PT011710080003)

Enquadramento

Rural, isolado, a 521 m de altitude, junto à estrada, no exterior da povoação e a nordeste da mesma. Integra-se em amplo adro, vedado por muro de xisto capeado a cantaria, com vegetação rasteira e pontuado de árvores de grande porte. A partir do portão de acesso desenvolve-se largo passadiço, pavimentado a alvenaria de xisto, e que envolve toda a capela. Junto à fachada lateral direita, percorre grande parte da nave soco adossado, capeado a cantaria. Em frente da capela e adossado ao muro do adro, existem, adaptados ao declive do terreno, dois alpendres rectangulares, de cobertura escalonada e telhado de uma água, de apoio às festas que ali se realizam no dia do orago; a fachada principal é composta por murete de xisto, capeado a cantaria de granito, sobre o qual assentam pilares com chanfro de sustentação da cobertura. Junto da capela existe um pequeno edifício, também de apoio às festividades, de planta rectangular e cobertura em telhado de duas águas, com porta de verga recta virada a S.; a cerca de 100 m da capela existe antiga fonte de mergulho, com remate em arco, muito reformada.

Descrição Complementar

Retábulos colaterais de estrutura semelhante, em talha policromo a rosa e dourado, de planta recta e um eixo definido por duas pilastras almofadadas e duas colunas de terço inferior estriado, e de capitéis coríntios, coroadas por urnas; ao centro abre-se nicho em arco abatido, moldurado a pérolas, interiormente pintado e albergando imaginária, ladeada por duas pequenas mísulas; sobre entablamento de cornija denticulada, desenvolve-se o ático em espaldar, decorado por festão e terminado em cornija contracurvada rematada com acanto vasado e festão. Altar tipo urna, dourada, com frontal decorado por estrias e, no topo, friso com flores centrado por coração trespassado de espadas. Ao cunhal SO. da capela, encosta-se na fachada lateral direita pequena pedra de xisto, com a inscrição, em duas regras: OS TIVS *1.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Época medieval / Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 04 - 05 - época provável da construção de um templo primitivo, segundo José Augusto Pinto da Cunha Saavedra; 1084, cerca - segundo o mesmo autor, ali se teriam instalado monges beneditinos; séc. 11 - Provesende foi doado por D. Constança, rainha de Leão e Castela e esposa de D. Afonso VI, à Sé de Braga; 1128 - doação do couto de Santa Marinha por D. Afonso Henriques aos Congregados de Santa Marinha, aceitando a oferta de um jazigo real na sua igreja; 1130 - confirmação da doação por D. Afonso Henriques; posteriormente foi novamente doado à Mitra de Braga; 1758, 8 Abril - segundo o reitor Francisco Xavier Teixeira de Magalhães e Lacerda, nas Memórias Paroquiais da freguesia, na ermida ou igreja de Santa Marinha, fora do povoado, estava a antiquíssima estátua de Cristo amortalhado, venerado, com o título do Senhor de Santa Marinha; quando existia "penúria de água", os lavradores pediam-na à imagem, que traziam da sua capela para a igreja paroquial, logo vindo depois a chuva "e sol havendo dele falta"; ia muita gente à ermida orar, venerar e pedir favores à imagem do Senhor; 1773 - o visitador Bento Manuel Pereira de Campos mandou demolir um velho edifício junto à capela, normalmente considerado como pertencente ao resto do mosteiro, para com os materiais vedar o adro; 1773 / 1813, entre - o reitor Manuel José Guimarães Gomes mandou fazer na frontaria da capela uma cornija, colocar uma cruz onde outrora havia uma sineira com sino, e colocar os pináculos laterais; séc. 1780 - data gravada na fonte de mergulho nas imediações da capela, e onde nascia o ribeiro das Pias; 19, início - ainda existiam no adro da capela oito sepulturas singelas, as quais acabaram sendo desfeitas e a pedra reaproveitada nos muros do adro; 1818 / 1829, entre - o reitor da Paróquia Domingos Alves da Silva manda reformar a capela, nomeadamente abrir ou reformar a porta lateral S., onde segundo a tradição existia um letreiro em latim que referia a sagração da igreja, abrir as duas frestas grandes na nave, a do lado S. no local da antiga, e a confrontante a N., aberta de novo pela primeira vez; mandou ainda fazer o púlpito, o qual seria dourado muito mais tarde; 1830 - data de um ex-voto exposto na capela; 1834 - criação do concelho de Provesende; feitura dos três retábulos em Braga, substituindo os que ali existiam, sendo o da capela-mor em pedra; por esta altura ainda existiam no adro restos da antiga construção, anteriormente mandada demolir; 1840, cerca - durante as obras de desaterro do largo, o Dr. Ribeiro descobriu duas outras sepulturas antropomórficas (as que ainda existem), cobertas por lajes de xisto e contendo cinzas ou ossos calcinados; 1870 - construção da sacristia e reforma da fresta da capela-mor, que ficou no lugar da primitiva, mais pequena, pelos membros da Junta da Paróquia, António Correia Rebelo Falcão e Casimiro Vilela de Carvalho; 1872 - os mesmos mandaram substituir o antigo pavimento interior da capela, de xisto, por lajes de granito, e fazer a casa e cobertos no exterior; séc. 19 - construção do alpendre da capela; o padre Francisco Borges Beleza de Andrade mandou fazer alguns consertos na fonte e fechar a arca de água com uma porta; séc. 20, início - reforma do forro do tecto; posteriormente, aumentaram a altura das paredes e abriu-se o vão sobre a porta principal; 1922 - Provesende transita da Arquidiocese de Braga para a de Vila Real; 1945 - data no portão de ferro de acesso ao adro; 1939, 4 Abril - despacho do Vice-Presidente da Junta Nacional de Educação solicitando a deslocação de um técnico a Provesende, a fim de analisar a Capela de Santa Marinha, fonte, sarcófagos e lápide inscrita junto à capela, para estudo e eventual classificação; 23 Junho - data do relatório assinado por Mário Cardoso, vogal da 2ª Sub-Secção da 6ª Secção da J.N.E., o qual, perante a singeleza do conjunto observado, concluiu que não bastavam as tradições orais associadas à capela para ela ser classificada como Monumento Nacional; em sua substituição, acabou por sugerir a classificação do cemitério lusitano-romano, também em Provesende, que visitara na companhia do Rev. José Pinto da Cunha Saavedra, filho do autor da Monografia de Provesende, José Augusto Pinto da Cunha Saavedra, existente na Quinta da Relva, no sopé do monte do Castro de são Domingos, e então propriedade do Sr. Manuel Marques Correia Alves; 2001 - classificação da povoação de Provesende como "aldeia vinhateira do Douro".

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de mista de granito e xisto, aparente na fachada principal e rebocada e pintada nas restantes e interior; frisos, cornija, cruz, pináculos e molduras dos vãos em cantaria de granito; portas de madeira; vãos com vidros simples; grades em ferro; retábulos e guarda do púlpito em talha policroma; coro-alto e tectos de madeira envernizada; retábulo-mor em cantaria de granito; maquineta com porta metálica; pavimento de granito; cobertura de telha.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 7, Lisboa, 1876; SAAVEDRA, José Augusto Pinto da Cunha, Provezende, Lisboa, 1935; ALVES, Francisco Manuel, Cistas de Provesende e sepulcros luso-romanos, Revista de Arqueologia, 3, 1936 - 1938, Lisboa, 1938, p. 315 - 325; ALARCÌO, Jorge de, Roman Portugal, Warminster, 1988, 1 / 440; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, MI

Intervenção Realizada

Proprietário: 2004 - obras de conservação da capela, retábulos e alpendre; 2006 - arranjo do parque envolvente.

Observações

*1 - Existem diversas opiniões quanto à leitura desta inscrição; Pinho Leal diz que podia ser contracção de ostiario, ou seja, porteiro. Outros autores são de opinião que a pedra poderá ser de um marco miliário, da via militar romana, entre Viseu e Chaves, que passava a pouca distância, e por isso, ostivs, ou estava mal escrito, ou a primeira letra "h" já teria sido apagada pelo tempo e que a inscrição se referia a "Hostius", nome próprio romano, de onde deriva o diminutivo Hostilio. Se assim fosse, tinha-se a prova que o edifício era romano. Pereira de Caldas, de Braga, considera que OSTIVS era um nome Bárbaro, romanizado pela terminação IVS. Seria assim um nome latino mal ortografado, embora adaptado por algum indivíduo dentre os Bárbaros, ou romano barbarizado. O Sr. Allen, primeiro bibliotecário da Biblioteca do Porto, era de parecer que a inscrição se referia a algum indivíduo ali enterrado, sendo o epitáfio de uma sepultura. *2 - Segundo a tradição, dizia-se missa no vão da fachada lateral direita quando o povo não cabia na igreja. Segundo Pinho Leal, a capela não só servia de Matriz da freguesia de Provesende, mas também das de Gouvães, São Tomé do Castelo e outras a Norte do Douro, mas até algumas da Beira Alta, na margem esquerda do rio, havendo documentos que os defuntos dessas povoações eram sepultados no adro da capela.

Autor e Data

Paula Noé 2009

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login