Moinho de Maré de São Roque / Moinho Pequeno / Moinho de São Roque

IPA.00011812
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Barreiro e Lavradio
 
Arquitectura agrícola, vernacular. Moinho de maré, com funcionamento na vazante. Segue tipologia vernacular do séc. XVII, identificada na volumetria alongada, em planimetria longitudinal, com simplicidade e clareza de linhas bem proporcionadas, no despojamento de decoração em volumes maciços, rematados á face por empenas simples rebocadas e caiadas, cuja cobertura consiste numa estrutura de madeira, apresentando telhado de duas águas em telha de canudo. Moinho de maré, com perfeita integração na paisagem, situado na margem S. do rio Tejo, por um lado estabelecendo diálogo directo com o rio, por outro em intimidade urbana, pertenceu ao grupo de moendas mistas cuja força motriz foi ora a das águas de rio desviada para golas ora a água das correntes, utilizando com vantagem, para além das águas das marés, as águas salgadas do rio Tejo, funcionando com as marés na enchente e com as águas doces que vinham da linha de água que desaguava naquele local e que accionavam as rodas horizontais.
Número IPA Antigo: PT031504010042
 
Registo visualizado 139 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Moagem    

Descrição

Planta longitudinal, simples, composta por 3 corpos escalonados, correspondendo à zona de laboração da moenda, à habitação do moleiro e ao armazém, à caldeira; irregular, com coincidência exterior / interior; massa de volumes articulados em adossamento em horizontalidade, com embasamento; cobertura em telhados de 2 águas. Corpo do moinho: fachadas de um pano, de dois pisos, com remate das fachadas a NO. e a SE: em beiral e as mais estreitas em empena angular, características que se repetem nos outros dois corpos; fachada a NO. com duas janelas entaipadas, de dimensões diferentes, no piso térreo e, no superior, 2 janelas molduradas; fachada a SO. com porta rasgada sobre a linha da água e uma janela no piso superior; fachada a NE. Três vãos de caneiros do moinho em arco de volta alteada (entrada de água para as moendas) estão abertos no embasamento, abre-se uma porta dando sobre a água no piso térreo e 2 janelas no superior; os vãos de todas as janelas do piso superior são ornamentas a tijolo, em denteado. Corpo da habitação: as 2 fachadas são de 1 pano simples e de 2 pisos; no piso térreo abre-se, em cada fachada, uma porta e uma janela e, no piso superior, uma janela: Corpo do armazém: fachadas de um pano e um único piso; as longitudinais são rasgadas por uma série de 6 janelas, abrindo-se um portal com portão deslizante, de ferro a NE., onde se destaca um contraforte na continuação da fachada a SE.; os vãos destes 2 corpos são rectangulares têm molduras lineares em cantaria.

Acessos

Em Alburrica, no Largo do Moinho Pequeno, no lado poente da Cidade numa área a NO. do Barreiro 1*

Protecção

Categoria: SIM - Sítio de Interesse Municipal, Aviso n.º 8203/2017, DR, 2.ª série, n.º 141, de 24 julho 2017

Enquadramento

Urbano, ribeirinho, na margem Sul do Tejo, construído no estuário, isolado, vislumbra-se dele, edifícios de habitação e armazéns simples, baixos; frente ao areal aluvial espraiado da península de Alburrica, onde se erguem os Moinhos Pequenos de Vento de Alburrica / Moinho Poente e Moinho Nascente de Alburrica (v. PT031504010014).

Descrição Complementar

Nada a assinalar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: moagem

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 15 - Época a que remonta a instalação de moinhos de maré de retenção de água em caldeira (diferenciando dos moinhos de maré de propulsão por azenha); séc. 16 - conhecidos cerca de 60 moinhos de maré (moinhos hidráulicos) deste tipo no estuário do Tejo, entre Almada e Montijo (Borges, 1981); 1652, 20 de Março - sabe-se de arrendamento de um moinho de maré de 3 engenhos feito por D. Antónia de Morais a João de Carvalho; séc. 18 - memória de laboração de moinhos de água, no sítio de Alburrica, na moenda de diversos cereais e no descasque do arroz; 1728, 16 de Agosto - aforamento feito por Vasco Nabo Salter Mendonça a José Rodrigues da Cruz do Moinho Pequeno, que então se chamava Moinho de São Roque; 1732, 9 de fevereiro - reconhecimento feito por José Rodrigues da Cruz do pagamento de 12 alqueires de trigo à comenda da Vila do Barreiro, pelo Moinho de São Roque; 1740, 13 de Setembro - venda, quitação e obrigação do moinho de maré São Roque, com caldeira e pertenças, venda feita entre o Padre Fernando António da Cruz, filho mais velho de José Rodrigues da Cruz, a Bento Veloso Carmo, por 800$000 réis; 1741, 18 de Março - Bento Veloso do Carmo solicitou o alargamento da caldeira do moinho; 1746, 20 de Dezembro - escritura de reconhecimento de pertença e obrigação feita por António Lopes da Costa, como procurador de D. Teresa de Jesus, viúva de Bento Veloso da Cruz; séc. 18, último quartel - o moinho entra na posse da família Costa; 1801, 5 de Setembro - escritura de venda do moinho pequeno a Luís da Costa pela quantia de 1:600$000 réis; 1843 - João Estrela hipoteca o moinho a José Pedro Costa; séc. 19, 2º quartel - Alburrica numa área de 50 hectares, detém 4 moinhos de maré, num total de 28 moendas (pares de mós a trabalhar simultaneamente por um período de 5 a 6 horas seguidas por dia), das quais 3, eram do Moinho Pequeno; 1861, 5 de Dezembro - D. Gertrudes Maria do Rosário Costa, viúva de José Pedro Costa está na posse do moinho; séc. 19, finais-séc. 20, inícios - o Moinho Pequeno era servido por caldeira, moía trigo e fabricavam-se nele massas, sendo pertença de José Pedro da Costa, de cuja terra eram proprietários os seus descendentes; 1884 - o moinho é pertença de Joaquim do Rosário Costa; a caldeira do Moinho Pequeno é aterrada cerca de 2 500 m2 (Padrão, 1985); 1993 - o moinho está na posse de Maria Alice Costa Araújo Faria e Castro; séc. 21 - em desuso e desactivado; 2015, 27 agosto - abertura do procedimento do Moinhos de Maré Pequeno e do Moinho de Vento de Alburrica como Conjunto de Interesse Municipal, em Aviso n.º 9707/2015, DR, 2.ª série, n.º 167

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Pedra: calcário, entulho, cal, lajes de pedra calcária; cerâmica: tijolo, tijolo maciço, telha de canudo; metal: ferro fundido; alvenaria: mista de pedra com inclusão de fragmentos de tijolo, argamassa; madeira

Bibliografia

PAIS, Armando da Silva, O Barreiro Antigo e Moderno, As Outras Terras do Concelho, Barreiro, 1963; GALHANO, Fernando, Moinhos e Azenhas de Portugal, Lisboa, 1978; BORGES, Correia, Moinhos Hidráulicos in História, n.º 29, Lisboa, 1981; PADRÃO, Arqtº Cabeça, Os Moinhos de Alburrica, pequeno contributo para o seu Conhecimento in Um Olhar sobre o Barreiro, nº 3, Barreiro, Dezembro, 1985; Um Olhar sobre o Barreiro, n.º 4, Outubro, 1986; NABAIS, António J. C. Maia, História do Concelho do Seixal, Património Industrial, Moinhos de Maré, Seixal, 1986; LEAL, Ana de Sousa, VALEGAS, Augusto Pereira, Abordagens Documentais para a História dos Moinhos do Barreiro in Um Olhar sobre o Barreiro, n.º 2, III série, Novembro, 1993.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMB

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMB

Documentação Administrativa

ADS, Notarial Barreiro, I/4; ANTT, Chancelaria Antiga da Ordem de Santiago, L.º 21; ANTT, Chancelaria de D. João V (Próprios), L.º 102; ANTT, Notarial Lisboa, C. 4 - L.º 99.

Intervenção Realizada

Nada a assinalar

Observações

1* Área de concentração de arqueologia industrial (moinhos de vento, moinho de maré, estaleiros). Não foi possível entrar por se encontrar em ruína.

Autor e Data

Albertina Belo 2004

Actualização

 
 
 
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