Teatro Clube de Penamacor / Teatro Velho

IPA.00011208
Portugal, Castelo Branco, Penamacor, Penamacor
 
Arquitectura cultural e recreativa, novecentista. Teatro e sede de associação cultural e recreativa, do início do século 20, instalados num edifício de composição sóbria, de planta rectangular desenvolvida em 4 pisos, de volumetria vertical e cobertura em telhado de quatro águas. O Teatro insere-se no grupo de auditórios de planta em ferradura, de cena contraposta, com um auditório que comporta plateia, frisas, camarotes de 1ª ordem e galeria. Tem palco rectangular e caixa de palco à altura da sala. Trata-se assim de um auditório tipo A1 (salas de espectáculos) de 3ª categoria (entre 200 a 500 lugares), com palco tipo B2 (espaços cénicos integrados) e com espaços de apoio dos tipos C1 (locais de projecção e comando) e C2 (locais de apoio a artistas), embora estes últimos rudimentares e inoperantes. A volumetria e a composição do edifício não denunciam exteriormente, em nenhum dos seus elementos, o teatro, mais se assemelhando a um edifício de habitação. A organização do espaço e a orientação das fachadas correspondem à dupla função do imóvel: último piso para instalações da associação e os demais para o teatro, com acessos diferenciados (respectivamente, NE. e SO.) e sem comunicação interna. A caixa de palco, contrariando a situação mais usual, não sobe acima da sala, situação decorre da existência do piso superior, a cobrir toda a área do teatro. Nos espaços cénicos e técnicos notam-se as ausências, respectivamente, do fosso de orquestra e do subpalco, sendo de considerar a eventualidade destes elementos terem sido destruídos com as obras de repavimentação e regularização da plateia e palco. O teatro conserva um mecanismo de abertura da cortina de boca muito invulgar. Este edifício constitui exemplo da difusão regional do modelo de teatro italiano, embora simplificado e sem atingir a complexidade cénica e técnica de alguns teatros de referência em Portugal, bem como dispensando a utilização de recursos materiais e decorativos muito elaborados.
Número IPA Antigo: PT020507100020
 
Registo visualizado 128 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Teatro  

Descrição

Edifício de planta rectangular, desenvolvida em quatro pisos, de volumetria vertical e com cobertura homogénea em telhado de quatro águas. Resultado da adaptação às condições topográficas e consignando a dupla funcionalidade do edifício - teatro e sede de associação cultural e recreativa - a construção mantém esta diferenciação, quer na organização vertical do espaço, quer na orientação das fachadas e definição de acessos próprios: para a Rua dos Pelames fica a frontaria do teatro (SO.); para o Jardim da República, a fachada da associação (NE.), correspondendo esta ao último piso do edifício, sem no entanto dispor de comunicação interior. A composição é sóbria e sem recursos decorativos: fachadas de pano único, rebocado e pintado, enquadradas por cunhais e cornija de cantaria; fenestração regular e simétrica nas fachadas SO. e NE., com acesso principal centralizado no piso térreo, e de abertura mais irregular nas fachadas laterais, com excepção das janelas do terceiro piso; todos os vãos são emoldurados a cantaria, sem acompanhamento integral das ombreiras (as janelas e portas das fachadas laterais apresentam as molduras cobertas pelo reboco) e as caixilharias de materiais diferentes, alternando entre o P.V.C. e o ferro. INTERIOR - o teatro ocupa três pisos e organiza-se pela sucessão de três áreas funcionais bem definidas em planta: nos topos, os espaços de estar e apoio para o público (foyers e circulações) e os espaços cénicos e técnicos (palco e caixa de palco, com os camarins); no meio o vão do auditório. Espaços de estar e apoio para o público- Foyer térreo, de planta quadrangular, tendo na parede fronteira à porta de entrada três arcos rebaixados assentes em colunas de madeira que, franqueados, permitem o acesso às circulações horizontais e verticais do auditório, quer directamente à plateia e frisas, quer através de escadas de madeira conducentes aos camarotes de primeira ordem, localizadas nos ângulos dos corredores de circulação das frisas (as escadas à direita conheceram demolição para dar lugar à instalação de uma arrecadação). De cada lado do foyer térreo dois compartimentos primitivamente destinados a espaços de apoio ao público (eventualmente bengaleiro ou bilheteira) e no estado actual profundamente transformados: o vão de escadas secundário, destinado a aceder à galeria, vê os três primeiros lanços inutilizados para a construção de sanitários masculinos (à esquerda); do lado oposto, sucede-se o derrube das paredes divisórias para criação de um bar. No primeiro piso localiza-se o foyer dos camarotes, igualmente de planta rectangular, com duplo pé direito - abrangendo a galeria do segundo piso - e está beneficiado de iluminação natural garantida pela janela de sacada; semelhante compartimentação à do piso térreo ladeia o foyer dos camarotes. Também no segundo piso - o da galeria - se repete divisão idêntica, aproveitando-se todavia o vão do foyer inferior para a criação de dois varandins, com colocação de grade transversal ao recorte convexo da estrutura em ferradura que modela a sala; de salientar a existência de uma ligação ao exterior neste piso, com saída para terraço, protegido por balaustrada e assente em pilares. Este corpo encontra-se adossado à fachada NO. e permite acesso directo ao Jardim da República. Espaço do AUDITÓRIO - espaço independente, ligado ao palco pela boca de cena, de planta em ferradura e com a assistência distribuída por plateia, 10 frisas, 11 camarotes de primeira ordem (um anulado para instalação de cabina) e galeria. Plateia sem pendente, equipada com cadeiras soltas, sobre pavimento de betão; toda a demais estrutura da sala é em madeira, suportada por colunas e com paredes de tabique rebocado e pintado, alternando superfícies brancas e azuis; tecto também de madeira, pintado em amarelo. Frisas desprovidas de guarda, mantendo-se a dos camarotes e galeria, em ferro. Espaços cénicos: o PALCO, ligado à sala pela boca de cena, tem 10, 40 m de largura e 6 m de profundidade, sem pendente, paredes brancas, pavimento de betão ao mesmo nível do da plateia e acesso de carga directo à rua (parcialmente anulado pela construção de um camarim na coxia lateral direita). A boca de cena, em estrutura de madeira pintada (6 m x 6,55 m x 0,50 m), é em arco abatido. Espaços técnicos: a caixa de palco, com uma altura máxima de 7, 30 m, encontra-se desprovida de teia e varandas. O terceiro e último piso organiza-se no sentido NE.-SO., a partir de um corredor longitudinal, ladeado de cada lado por três compartimentos de áreas distintas e tendo ao fundo, a toda a largura do edifício, a sala de maior dimensão correspondendo ao salão de baile. As paredes são estucadas e os pavimentos e tectos maioritariamente de madeira.

Acessos

Rua dos Pelames / Jardim da República.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, na encosta S. da vila, em zona acidentada. Está localizado num socalco intermédio, em terreno plano, com as fachadas à face da via pública, exceptuando a NE., parcialmente adossada ao muro de retenção das terras do Jardim da República. Este extenso pano murário de alvenaria de pedra, que se prolonga para NO., é rematado por gradeamento a delimitar plataforma superior, que funciona como miradouro sobre a paisagem envolvente, e onde se desenvolve espaço ajardinado com monumento ao Conselheiro Jacinto Cândido. A SE., o edifício é flanqueado por outro muro, tendo a cota superior o antigo Convento de São Francisco. Entre a fachada lateral do teatro e o muro registe-se um acesso público pedonal ao Jardim, realizado por escadaria íngreme de três lanços. A frontaria do teatro volta-se a largo de desenho irregular, sendo dominado a S. pelo volume da antiga Escola Primária e a O. pelo muro que contorna o terreno do Mercado Municipal, este a cota inferior.

Descrição Complementar

Equipamento cénico - Cortina de boca de abrir para cima com mecanismo de abertura manual por enrolamento; bambolina régia.

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Devoluto

Propriedade

Privada: associação

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1877 - Notícia da existência de um teatro em Penamacor; 1884 - devido à abertura da Estrada Real, o edifício é expropriado; 1884, 25 Nov. - fundação do Clube de Penamacor, resultado da associação dos sócios do antigo Teatro de Penamacor, de figuras destacadas da sociedade local e contando com a colaboração dos oficiais do Regimento de Infantaria, recentemente criado; 1885, Janeiro - eleita a primeira direcção, assumindo a presidência da Assembleia Geral o Visconde de Proença-a-Velha e os cargos de Presidente e Vice-presidente da Direcção, respectivamente, Francisco de Pina Macedo Ferraz de Gusmão e Ornelas e Bento Rodrigues Gondim: o clube é equipado por empréstimo a saldar com o pagamento da expropriação do teatro, tem por actividades jogos diversos com preços estipulados (cartas, bilhar, dominó, marimbo), organiza saraus literários e musicais e admite sócios contra o pagamento de uma jóia de 1$000 réis e uma cota mensal de 300 réis; 1912 - o clube conheceu, desde a fundação, diversas moradas, até que em associação com o grupo dramático integrado na Tuna de 6 Janeiro, agrupamento artístico de Penamacor, toma a iniciativa de construir edifício próprio destinado à sede das suas actividades, tanto de natureza recreativa como cultural: além da sala de jogos, bar, biblioteca e salão de baile, o clube e a vila passam a ter novamente um teatro; 1912, 14 Nov. - a inauguração realiza-se com um programa composto pela exibição das peças " O Morgado de Fafe em Lisboa ", comédia em dois actos, de Camilo Castelo Branco, " Dom Beltrão de Figueirôa, comédia ingénua ao gosto do século XVII ", de Júlio Dantas, e " O Senhor Bexiga ", opereta em 1 acto; 1929 - o Clube adquire um aparelho de rádio, provavelmente dos primeiros existentes em Penamacor; 1938 - a associação aprova novos estatutos e tem na direcção os seguintes membros: Edmundo Afonso Matos Boavida, António Vieira da Fonseca, José Manuel Landeiro, José Vicente Lopes e António Marques da Fonseca; 1940 - a partir deste ano, o Teatro Clube de Penamacor passa a dispor de actividade cinematográfica, assegurando a projecção de filmes nacionais e estrangeiros; 1940, 25 Julho - é exibido o filme " Varanda dos Rouxinóis ", do realizador Leitão de Barros e estreado em 1939; 1960, final da década - o edifício conheceu obras: " a sala do teatro foi praticamente demolida e o seu piso aterrado e nivelado" (in Levantamento do Património Cultural ...); 2003 - depois de desaparecida a instituição que promoveu a construção do teatro, sucedeu-lhe na ocupação das instalações a Associação dos Amigos de Penamacor e, em anos mais recentes, a Associação Desportiva Penamacorense, que actualmente se mantém em parte do edifício; Março - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2018, 27 julho - publicação do Anúncio de Procedimento para a reabilitação do edifício, em Anúncio de procedimento n.º 6094/2018, em DR, 2.ª série, n.º 144.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estrutura interna de madeira, reforçada com coluna e viga de betão armado.

Materiais

Pedra, alvenaria de pedra, alvenaria de tijolo, betão, ferro, madeira, mosaico, vidro, telha, P.V.C..

Bibliografia

LANDEIRO, José Manuel, O Concelho de Penamacor na história, na tradição e na lenda, s.l., 1938; MUSEU MUNICIPAL DE PENAMACOR, Levantamento do Património Cultural, Histórico e Sócio-Económico, fichas informativas dactilografadas, datadas de Out. 1991 e com levantamento efectuado por Aristides Galhardo Mota e fotografias por João do Espírito Santo Mateus; PIRES, Jaime, Recuperação do Teatro Clube, in Reconquista, 5 Março 2004.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CMPenamacor: Arquivo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; MC: IPAE

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CMPenamacor: Arquivo

Intervenção Realizada

1960, década de - obras de remodelação

Observações

* Elementos que respeitam e adoptam a classificação do "Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança dos Recintos de Espectáculos e Divertimentos Públicos", vide Anexo ao Decreto Regulamentar n.º 34/95.

Autor e Data

Filomena Bandeira e Paulo Ramos 2003

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login