Colégio da Madre de Deus / Hospital Militar Regional

IPA.00010971
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura educativa, maneirista. Colégio da Companhia de Jesus, de estrutura rectangular, com capela no lado direito, com as dependências colegiais e conventuais organizadas em torno de dois pátios rectangulares. Fachadas muito simples, rasgadas regularmente por janelas rectilíneas, de peitoril ou de varandim, destacando-se a porta de acesso à Capela, com inscrição alusiva ao orago e rematada por frontão triangular, encimado por óculo. As dependências conventuais e colegiais têm acesso por portaria comum e desenvolvem-se em torno de dois pátios com coberturas em falsas abóbadas de berço, o frontal correspondente ao colégio e o posterior às dependências dos padres, o primeiro com claustro quadrangular de dois pisos, o inferior com arcadas de volta perfeita sobre colunas toscanas, com poço no meio; ao redor da quadra, as salas de aula e, no piso superior, os cubículos iluminados por janela com conversadeira; na zona posterior, a quadra do convento, com claustro semelhante ao anterior, mas com as arcadas assentes em pilares toscanos. Edifício bastante transformado para instalação de dependência hospitalar, a que se adossaram vários anexos, mantendo-se apenas a quadra do colégio, no edifício principal, tendo desaparecido a capela, de que se mantém o acesso, e uma das alas do claustro do convento, na zona posterior, marcada por cinco arcadas de volta perfeita sobre pilares toscanos; a zona colegial encontra-se bem preservada, sendo visíveis os primitivos vãos. A portaria apresenta decoração recente, com falso frontão de enrolamentos, contendo decoração fitomórfica, encimado pelo escudo do regimento militar que ocupa o espaço. As abóbadas do claustro assentam em falsas mísulas volutadas, tendo, num dos topos, pequeno oratório revestido a azulejo, com temática alusiva à função hospitalar do espaço. Algumas dependências mantêm as primitivas conversadeiras junto às janelas. Em algumas zonas possui azulejo de figura avulso, de produção recente, mas que serviria para substituir o primitivo do mesmo género.
Número IPA Antigo: PT040705210146
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta rectangular composta pela junção de vários corpos articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em friso, cornija e beiral. Fachada principal virada a SO., de dois pisos e cunhal de cantaria no lado esquerdo, sendo rasgada, no primeiro, por cinco janelas de peitoril, com guardas de cantaria e grades metálicas em papo de rola, um pequeno postigo rectilíneo com grades de ferro e duas portas de verga recta e moldura simples; a do lado esquerdo, de acesso à portaria, é encimada por enrolamentos dispostos simetricamente e pelo escudo do regimento militar que ocupa o edifício, em bronze; no lado direito, lápide metálica com a inscrição: "Hospital Militar / Regional n.º 4". A porta do extremo direito remata em duplo friso e frontão triangular, encimada por óculo oval; no segundo friso, a inscrição "MAGNAE MATRI DEI D.". Num nível intermédio, duas janelas rectilíneas, protegidas por grades de ferro e, no piso superior, duas janelas de varandim com guarda metálica e cinco janelas de peitoril, rectilíneas, surgindo, ainda, dois pequenos postigos. No lado direito, surge amplo portão metálico que liga a pequeno pátio de circulação. Fachada lateral esquerda, virada a NO., parcialmente adossada a edifício de habitação, tendo, no segundo piso, duas janelas de peitoril e, ao centro, janela de varandim. Deste lado, desenvolve-se pequeno pátio, com poço central, junto ao qual surge o corpo da lavandaria, com acesso por porta de verga recta. Fachada lateral direita, virada a SE., com três pisos, o primeiro com portas de verga recta e o segundo com janelas de peitoril ou de varandim, surgindo, no extremo esquerdo, pequena escada com guarda metálica, de acesso a um piso intermédio, tendo na base algumas dependências e uma primitiva arcada de volta perfeita. Fachada posterior marcada por três arcos de volta perfeita, assentes em pilares de cantaria, formando pequena ala com cobertura em abóbada de berço e tirantes metálicos, para onde abrem três portas de verga recta pintada de azul e pequenas janelas jacentes com o mesmo tipo de moldura; sobre esta, janelas de varandim com guarda metálica; a ala é parcialmente revestida com azulejo de figura avulsa. No lado direito, várias portas de verga recta, janelas de sacada e de peitoril, todas com moldura pintada de azul. Nesta fachada, surgem várias dependências, resultantes da transformação de várias casas de habitação, onde funcionam casernas, oficinas, lavandaria, cozinha, refeitório e um parque de viaturas. INTERIOR com acesso pela portaria rectangular, com porta no lado direito e pequeno nicho em arco de volta perfeita assente em pilastras de cantaria, no lado oposto. Acede a claustro quadrangular, de dois pisos, tendo, em cada ala, cinco arcos de volta perfeita pintados de azul e assentes em colunas toscanas, com acesso pelos arcos centrais; a quadra tem pavimento em tijoleira, com poço central, dois monumentos escultóricos e vários canteiros circulares ou recortados. As alas têm coberturas em falsas abóbadas de berço, rebocadas e pintadas de branco, com tirantes metálicas e assentes em falsas mísulas nos ângulos, revestidas por azulejo de padrão monocromo, azul sobre fundo branco, formando silhar; em cada uma delas, rasgam-se quatro portas de verga recta. Neste piso funcionam a Central Telefónica, Secção de Pessoal, Secretaria, Secção de Logística, Sub-secção de Recursos Materiais, Direcção, Serviço de Atendimento, Radiologia e Análises Clínicas; no topo da ala SO., surge pequeno oratório, com acesso por arco de volta perfeita com moldura de cantaria, protegido por grade metálica, tendo todo o fundo revestido a azulejo policromo, a representar a imagem de São João de Deus, na sua função de assistência hospitalar. Cada ala do piso superior é rasgada por três janelas de varandim com guardas metálicas e molduras de cantaria. Na ala NO., um arco de volta perfeita acede às escadas que ligam ao segundo piso, com quatro amplos corredores, o posterior obstruído pelo bloco operatório, com silhares de azulejo, pavimento em tijoleira e cobertura em falsas abóbadas de berço, semelhantes às do piso inferior; para as alas abrem portas de verga recta e molduras simples, surgindo, nalgumas dependências, janela com conversadeira. Neste piso, além do bloco operatório já referenciado, constituído por duas salas, funciona o serviço de consultas externas.

Acessos

Rua Dr. Augusto Eduardo Nunes

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, integrado na malha da cidade, com as fachadas laterais e posterior adossadas, tendo a principal virada directamente para a via pública, pavimentada a cubos de granito. Em frente, situa-se a casa onde viveu Virgílio Ferreira e, nas proximidades, o Hospital Distrital (v. PT040705210200) e Igreja do Senhor Bom Jesus da Pobreza (v. PT040705210096).

Descrição Complementar

O escudo da Companhia é de oiro, com nove lisonjas de púrpura, cada uma carregada com um romã, sustendo uma cruz; é encimado por elmo de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra; timbre com duas serpentes de oiro em aspa e entre as cabeças surge cruz florenciada; tem paquife de oiro e púrpura.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Saúde: centro de saúde

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Padre Brás Fernandes (1614)

Cronologia

1583, 24 Junho - testamento de Heitor de Pina, natural da Guarda, e D. Francisca de Brito Sacoto, de Beja, criando o Colégio da Madre de Deus; este seria implantado no local escolhido pelos testamenteiros, na Rua da Mesquita, junto a uma ermida-hospital da Ordem de São João de Jerusalém, segundo traça definida pelos mesmos, executado para 13 colegiais, contemplando alguns membros da família, que aprenderiam Latim, Artes e Teologia, para se formarem sacerdotes; a casa teria um claustro, com capelas, cubículos e todas as oficinas necessárias ao seu funcionamento; para a sua construção, o casal doa várias peças de prata e, no caso de estas serem insuficientes, a fazenda de Castelo Branco, Pombal, Torrão e os soutos do termo da guarda; se esta continuasse insuficiente, seria possível arrendar as restantes propriedades do casal, excepto as casas de Lisboa e a herdade da Cardeira, deixadas em usufruto a D. Francisca, passando, após a morte desta, para a posse do Colégio; nesta data, o edifício foi colocado sob a protecção dos prelados de Évora; no caso de extinção da Universidade de Évora, a que estaria anexo, o Colégio deveria ser transferido para Coimbra; 1589, 26 Março - codicílio ao testamento, por Heitor de Pina, que deixou ao colégio toda a sua livraria, pedindo para que se definissem os estatutos do Colégio, à maneira dos do Colégio da Purificação, do de São Paulo, em Coimbra, e do de Cuenca, em Salamanca; 1592, 19 ou 20 Agosto - morte de Heitor de Pina; 1602, 18 Março - codicílio ao testamento por D. Francisca, que pede ao Papa a revogação da protecção dos prelados de Évora, pois os Padres da Companhia de Jesus não aceitaram esta condição; 1607, 18 Março - feitura dos estatutos; 30 Maio - codicílio ao testamento; 24 Outubro - confirmação dos estatutos; 1608, 12 e 16 Fevereiro - aditamentos ao testamento; 16 Março - morte de D. Francisca; 20 Outubro - entrada dos primeiros colegiais, sendo o primeiro reitor o Padre Cristóvão Teixeira, a quem D. Francisca deixara 50$000 anuais; 1614 - dirigia as obras o Padre Brás Fernandes; 1758 - extinção da Companhia de Jesus; 1759, 23 Junho - alvará extinguindo as classes e as escolas jesuíticas, com o consequente fecho do estabelecimento; venda do colégio em hasta pública; séc. 19 / 20 - o Ministério da Guerra tomou posse do imóvel, instalando, no local, o Hospital da 4.º Região Militar Sul; 1993, 1 Julho - passa a denominar-se Centro de Saúde da Região Militar Sul

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito e tijolo, rebocada; modinaturas, cornijas, pilares, colunas, poço, frontão, cunhal em cantaria de granito; caixilharias e portas em madeira ou aluminínio lacado; grades, guardas e tirantes em ferro; escudo militar em bronze; pavimentos em tijoleira; silhares e painéis de azulejo; janelas com vidro simples; coberturas em telha.

Bibliografia

CABRAL, António Machado de Faria de Pina, O Colégio da Madre de Deus em Évora, in IV Centenário da Universidade de Évora (1559-1959), Coimbra, 1967, pp. 161-171.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2005

Actualização

 
 
 
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