Cine-Teatro de Almeirim

IPA.00010597
Portugal, Santarém, Almeirim, Almeirim
 
Arquitectura cultural e recreativa, modernista. Cine-teatro de planta composta, de desenvolvimento longitudinal, com cobertura em telhado e em terraço, este dominando a frontaria do edifício, sendo acessível. Expressão modernista no rigoroso controlo de volumes e na articulação escalonada das massas cúbicas. Ao funcionalismo do projecto de arquitectura associa-se um cuidado projecto de decoração de interiores, ainda visível no tratamento ritmado dos paramentos interiores e do tecto da sala de espectáculos, e em certos pormenores decorativos, como por exemplo a decoração vazada do vão da caixa da escada e a antepara do balcão do bar do foyer do balcão. Dentro dos edifícios construídos para cine-teatro, pertencendo o de Almeirim aos que se constroem na década de trinta do século 20, insere-se no grupo de auditórios de planta rectangular, de cena contraposta, com auditório comportando plateia e um balcão. Tem fosso de orquestra e proscénio. Dispõe de palco com pendente, subpalco e camarins localizados no subpalco. Cabina de projecção em espaço independente, situada ao fundo plateia. Trata-se assim de um auditório tipo A1 (salas de espectáculos) de 3ª categoria (entre 200 a 500 lugares), com palco de tipo B2 (espaços cénicos integrados), com espaços de apoio dos tipos C1 (locais de projecção e comando), C2 (locais de apoio) e C3 (locais técnicos e de armazenagem) *1.
Número IPA Antigo: PT031403010007
 
Registo visualizado 295 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Cine-teatro  

Descrição

Planta longitudinal, desenvolvida no sentido S.-N., composta por rectângulos desiguais adossados. Volumes prismáticos escalonados com coberturas diferenciadas em telhado e terraço, escondidas pelo remate murário. FACHADA PRINCIPAL, virada a S., de três panos e três pisos; o da esquerda, correspondente ao vestíbulo e à caixa da escada, ligeiramente saliente, com rasgamento axial de porta, protegida por pala semicircular, e grande vão vazado por grelha em alvenaria estrelada; o pano central, maior, correspondente aos foyers da plateia e do primeiro balcão, com os dois pisos inferiores, simetricamente rasgados por três portas, protegidas por pala única, e por três janelas, e o piso superior recuado e abrindo para um terraço, vazado por porta e três frestas; o pano direito, mais estreito e recuado, corresponde ao logradouro lateral e às instalações sanitárias do piso 1, sendo vazado por porta e por frestas. Como elementos comuns no tratamento das fachadas salienta-se o soco de cantaria bojardada, as paredes rebocadas e pintadas a tinta plástica de cor bege e as caixilharias de perfis de ferro pintado a tinta de esmalte cor verde garrafa. INTERIOR: o vestíbulo estabelece a comunicação com o foyer da plateia e com o foyer do balcão, através de escada de dois lanços; dos dois foyers acede-se ao auditório. O espaço do auditório é constituído por dois espaços independentes, ligados pela boca de cena, rectangular, sendo a relação do palco com a sala de cena contraposta. A sala tem uma lotação de 425 lugares, distribuídos por plateia e primeiro balcão. A plateia, com pendente, dispõe de coxias longitudinais central e laterais, e coxias transversais de boca e de fundo; as cadeiras são fixas, em madeira; no conjunto, destaca-se o jogo bem articulado dos revestimentos das paredes, sublinhadas por linhas incisas paralelas e escalonadas. Espaços cénicos: o palco, com pendente, tem por dimensões 9, 70 m de largura por 4, 70 m de profundidade, prolongado por proscénio, seguido do fosso de orquestra. Espaços técnicos - a caixa de palco dispõe de subpalco, uma varanda em madeira, do lado direito, e teia em madeira. A cabina de projecção localiza-se ao fundo da plateia, em espaço próprio. O acesso de carga faz-se directamente da rua ao palco. Os camarins situam-se no subpalco.

Acessos

Praça da República

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, planície. Implantação no centro histórico de Almeirim, em frente a um jardim, no largo principal da povoação. O cine-teatro articula-se harmonicamente com o edifício contemporâneo do Café Império, a O., sendo rodeado por logradouro, a E., espaço que o separa de um edifício térreo.

Descrição Complementar

Mecânica de cena: sete varas manuais simples.

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: cine-teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: cine-teatro

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Amílcar Pinto (1939).

Cronologia

1938, 08 Junho - constituição da Sociedade "Cine-Teatro de Almeirim Lda.", para exploração do cine-teatro a construir; o capital, no montante de 63.000$00 era distribuído em três quotas de 15.000$00, pertencentes aos sócios José da Silva Torrão Santos, Teodoro da Silva Santos e Bernardino Ribeiro Gonçalves, uma quota de 10.000$00 do sócio Álvaro Joaquim Pina e outra de 8.000$00 do sócio António Vinagre; 1939, 12 Maio - compra do terreno para a construção do teatro; nele situava-se uma capela dos Passos, obrigando-se por isso a sociedade a construir no teatro um nicho onde devia ser colocado o quadro que se expunha na capela, na altura da Procissão dos Passos; 1939, 24 Abril - confirmação do contrato de empreitada com Benjamim Almeida, de Santarém, pela quantia de 200.000$00, conforme projecto, memória descritiva e caderno de encargos do arquitecto Amílcar Pinto; 1940, 16 Junho - inauguração do cine-teatro, com a representação de uma peça pela Companhia da Actriz Maria Matos; 1940, 20 Junho - primeira projecção cinematográfica com a estreia do filme "Serenata de Schubert"; 1956 - arrendamento do cine-teatro a terceiros; c. 1980 - o cine-teatro encerra ao público; 1993 - a Câmara Municipal de Almeirim adquire o imóvel; 2002 - projecto de recuperação e adaptação do antigo cine-teatro a equipamento cultural polivalente encontra-se a concurso; 2005 - previsão da conclusão das obras: a Câmara Municipal de Almeirim encontra-se entre as 16 autarquias promotoras da rede de programação cultural ARTemREDE, com o intuito de fomentar uma oferta cultural qualificada, de criar e sedimentar públicos e de assegurar conjuntamente a produção, a aquisição ou a circulação de espectáculos na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de tijolo, blocos de fibrocimento, betão armado. Fachadas com paredes rebocadas e pintadas a tinta plástica de cor beje, tendo a principal soco de cantaria bojardada. Vãos com caixilharias de perfis de ferro pintado a tinta de esmalte cor verde garrafa e vidro simples (exterior) e com caixilharias de madeira pintadas a tinta de esmalte de cor bordeaux (interior). Pavimentos de pedra mármore (circulação e foyer da plateia), de marmorite (escadas) e de tacos de madeira (foyer do balcão e auditório). Paredes rebocadas e pintadas a tinta de areia de cor castanha (auditório e foyers). Estuque liso (tectos).

Bibliografia

«Atravez do districto – De Almeirim – Cine-Teatro» in Correio da Extremadura. Santarém: 26 de Março de 1938, ano 47, n.º 2747, p. 3; «Atravez do districto – De Almeirim – Cine-Teatro» in Correio da Extremadura. Santarém: 18 de Junho de 1938, ano 48, n.º 2495, p. 3; «Cine-Teatro de Almeirim» in Correio da Extremadura. Santarém: 29 de Junho de 1940, ano 50, n.º 2565, p. 2 [Anúncio]; «Cine-teatro de Almeirim, Lda.» in Correio da Extremadura. Santarém: 11 de Junho de 1938, ano 48, n.º 2458, p. 15; FERREIRA, António Fonseca (coord.) - Lisboa e Vale do Tejo - Valorização Cultural, Reabilitação do Património: Cine-Teatros. Lisboa: 2002; FERREIRA, Ulisses - Almeirim, tantos de tal!.. Almeirim: s.n., 2002. Texto policopiado; FERREIRA, Ulisses Pina - Cine Teatro de Almeirim e as coincidências - pequena achega para a compreensão deste edifício cultural. Almeirim: Câmara Municipal de Almeirim, 2005; FERREIRA, Ulisses Pina - Foi isto Almeirim. Almeirim: CRIAL – Centro de Recuperação Infantil de Almeirim, 2005; SILVA, Susana Contantino Peixoto da - Arquitectura de Cine Teatros Evolução e Registos [1927-1959] – equipamentos de cultura e de lazer em Portugal no Estado Novo. Coimbra: Edições Almedina / Centro de Estudos Sociais da FEUC, abril de 2010; «Sob o signo da arte – Na vila de Almeirim foi inaugurado com grande brilho um magnífico cine-teatro» in Correio da Extremadura. Santarém: 29 de Junho de 1940, ano 50, n.º 2564, p. 6.

Documentação Gráfica

DGPC: PT DGEMN:DSID; IGAC: Processo do Cine Teatro de Almeirim, n.º 14.03.0001, vol. 1, 1940

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IPAE

Documentação Administrativa

CMAlmeirim

Intervenção Realizada

Observações

*1 - Elementos que respeitam e adoptam a classificação do "Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança dos Recintos de Espectáculos e Divertimentos Públicos", vide Anexo ao Decreto Regulamentar n.º 34/95.

Autor e Data

Isabel Mendonça 2002

Actualização

JoseRaimundoNoras (Contribuinte externo) 2017
 
 
 
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