Casa da Quinta da Subserra

IPA.00010457
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, União das freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz
 
Casa de quinta de recreio barroca, de planta rectangular, volumetria paralelepipédica e cobertura em telhado a 4 águas, com acesso exterior caracterizado por escadaria de lanços convergentes contíguos ao alçado orientado para pátio, conducentes a porta localizada ao nível do 1º andar sobrepujada por alpendre a 3 águas suportado por 2 colunas. Capela de planta longitudinal composta pela justaposição de 2 rectângulos, respectivamente, nave única e capela-mor com cobertura em abóbada de berço separada por cornija. Coro-alto adossado à face interna da fachada e arco triunfal de volta perfeita em cantaria a preceder a capela-mor, com muros laterais a integrarem monumentos fúnebres inscritos em arcosólios e muro de topo animado por retábulo-mor em cantaria com camarim a albergar pintura sobre tela. Trata-se de um dos poucos exemplos subsistentes de uma quinta que além da casa e da capela propriamente dita, não só mantém todas as estruturas a si inerentes como se encontra ainda activa
Número IPA Antigo: PT031114070045
 
Registo visualizado 363 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa    

Descrição

De planta rectangular, o edifício habitacional apresenta volumetria paralelepipédica, e a cobertura efectuada por telhado a 4 águas. De 3 pisos (um deles parcialmente enterrado e apenas visível no alçado principal), superfície murária em reboco pintado com vãos de verga recta com emolduramento simples de cantaria, a ritmo irregular. Acesso principal exterior localizado no alçado tardoz (SO), orientado para pátio - caracterizado por escadaria de lanços convergentes contíguos à fachada e conduze à porta localizada ao nível do 1º andar sobrepujada por alpendre a 3 águas suportado por 2 colunas e ladeada por 2 janelas de peito de guilhotina. Alçado principal (NE) com janelas de peito rectangulares encimadas, ao nível do andar nobre, por janelas de sacada individualmente servidas por varandins com base em cantaria e guarda em ferro fundido, com pinhas nos extremos, sobrançeiro a jardim delimitado por muro com conversadeiras. INTERIOR: escadaria central de madeira, de lanços opostos com patamares intermédios, que conduzem ao piso nobre com compartimentos rectangulares directamente comunicantes entre si. CAPELA: no extremo (SO), contiguamente a outra entrada da quinta assinalada por portal de verga recta destacada sobrepujada por pedra de armas (dos Roxas e Azevedo e Sousa Coutinho), de planta longitudinal composta pela justaposição de 2 rectângulos, respectivamente, nave única e capela-mor com cobertura em abóbada de berço separada por cornija. Coro-alto adossado à face interna da fachada e arco triunfal de volta perfeita em cantaria a preceder a capela-mor, com muros laterais a integrarem monumentos fúnebres inscritos em arcos de volta perfeita *1 e muro de topo animado por retábulo-mor em cantaria com camarim a albergar pintura sobre tela *2.

Acessos

Subserra (largo da igreja). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,928618; long.: -9,019339

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, sob plataforma, em zona de meia-encosta, de acentuado declive. Integrada numa extensa área agrícola, a zona edificada da Quinta (v. PT031114070062) apresenta-se implantada segundo um eixo longitudinal no qual se reconhecem-se 4 entidades espaciais distintas compostas respectivamente: por um jardim de buxo articulado, por meio de terraço com guarda em balaustrada de cantaria e lanços rectos de escadas nos extremos, com a edificação principal e a capela - localizadas num plano superior, separadas por 2 pátios a diferentes cotas e ligados entre si por escada de lanço único em cantaria. Separada por muro com gradeamento dos edifícios principais, regista-se uma 4ª zona rasgada a eixo por eixo de circulação e composta pelas várias estruturas complementares à quinta, como o lagar, a abegoaria e o casario destinado aos trabalhadores; a mesma é delimitada no extremo oposto por portão assinalado por 2 colunas superiormente rermatadas por pináculos.

Descrição Complementar

AZULEJO: silhar de azulejos nos muros da nave e capela-mor da capela, datáveis do século 16 e a simularem a representação de tecidos. Painéis datáveis do final do século 17 com composições definidas por meninos com golfinhos na fonte parietal localizada no extremo do jardim de buxo. Nos muros e a galeria dos pátios que asseguram a circulação entre a casa e a capela bem como ao jardim de buxo, decorados com silhar de azulejos de feição neoclássica com medalhões a inscreverem vasos com flores, idênticos aos que se obervam no muro com conversadeiras que delimita o jardim sobre a casa principal; EMBRECHADOS: a mesma fonte já referida a propósito dos azulejos apresenta superfície parietal revestida por composição ornamental realizada com a técnica dos embrechados; PINTURA: os compartimentos do andar nobre da casa principal apresentam pintura decorativa consonante com a produção pós-Pillement.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1633 - fundação da quinta pelo capitão D. Diogo da Veiga, coexistindo então com outros morgadios no lugar de Subserra, passando depois à posse de sua filha e herdeira D. Bárbara de Vasconcelos (a qual instituiu o morgadio de S. Severim e funda a capela dedicada aos desponsórios da Virgem) que, tendo morrido sem descendância, passa a propriedade para o Dr. João Roxas de Azevedo, embaixador de D. Pedro II em Roma, responsa´vel por uma significativa campanha de obras de ampliação e enriquecimento artístico da quinta ; 1704 - por falecimento de João Roxas de Azevedo a propriedade passa para sua neta, casada com Luís Jerónimo de Lemos ; 1755 - o terramoto causa alguns danos na casa da quinta ; 1779 - era morgada e proprietária da quinta D. Isabel do Carmo Roxas e Lemos ; 1823 - a quinta é pertença de Manuel Inácio Martins Pamplona Corte Real, desde esta data 1º marquês de Subserra e embaixador de Portugal em Espanha entre 1825 e 1827, o qual, com sua esposa D. Isabel de Lemos e Roxas, empreende uma reconstrução da casa da quinta e procede ainda à reconsagração da capela (a 1 de Maio) ; 1881 - herda a propriedade D. Maria Isabel de Lemos Roxas Saint Léger (1841 - 1920), casada desde 1861 com o conde e depois marquês de Rio Maior ; 1920, 16 Fev. - por falecimento da marquesa de Rio Maior a propriedade passa para a posse de seu sobrinho, D. José Luís de Almeida, 6º marquês do Lavradio; 1941 - era proprietário da quinta o cidadão francês Pierre Benoist, director da Fábrica Nacional de Penteação de Lãs (em Alhandra), sendo seu administrador Eduardo Barata, que levava a cabo importantes melhoramentos ; c. 1945 - aquisição da propriedade delo Dr. Silva Araújo, director dos Hospitais Civis de Lisboa ; 1947 - já bastante degradada, a propriedade é adquirida por João Guedes de Sousa, o qual procede a obras gerais de consolidação e restauro, sobretudo na capela e casa ; 1980 - aquisição da quinta (por 18.000.000$00) a João Guedes de Sousa pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que, até 1988, realiza constantes obras de conservação

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos.

Bibliografia

CÂNCIO, Francisco, Ribatejo Histórico e Monumental, Vol. 3, Santarém, 1939 ; CÂNCIO, Francisco, A Linda e Histórica Quinta de Subserra, in Vida Ribatejana, Nº Especial, Natal de 1941 ; CORTES, Arsénio, Quinta de Subserra Virá a Ser Colónia de Férias para Todos, in Vida Ribatejana, Ano 65, Nº 3.095, 27.02.1981 ; SILVA, José António Veríssimo, Monografia sobre a História do Lugar, Quinta e Palácio de Subserra (Freguesia de S. João dos Montes), 1981 (texto policopiado) ; Quinta de Subserra Recebe Todos de Braços Abertos, in Vida Ribatejana, Ano 69, Nº 3.243, 10.05.1985 ; Quinta de Subserra : Paraíso dos Reformados e Idosos do Concelho, in Vida Ribatejana, Ano 75, Nº 3.626, 01.11.1991 ; MACEDO, Lino de, Antiguidades do Moderno Concelho de Vila Franca de Xira, 2ª ed., Vila Franca de Xira, 1992 (1ª ed. 1893) ; O Concelho em que Vivemos, Vila Franca de Xira, 1998 ; Os Desponsórios da Virgem, pintura de Bento Coelho da Silveira na Quinta de Subserra, in CIRA. Boletim Cultural, Nº 8, 1998 - 1999 ; RATINHO, Pedro, Quinta da Subserra é Património Aberto à População, in Vida Ribatejana, Ano 82, Nº 4.043, 03.11.1999 ; VALE, Teresa Leonor M., A Importação de Escultura Italiana no Contexto das Relações Artístico-Culturais entre Portugal e Itália no Século XVII, (dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto), Porto, 1999.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMVFX: Arquivo Histórico Municipal, Procº nº 550/49

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMVFX: Arquivo Histórico Municipal, Procº nº 550/49

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1980 / 1981 / 1982 / 1983 / 1984 / 1985 / 1986 / 1987 / 1988 / 1989 / 1990 / 1991 / 1992 / 1993 / 1994 / 1995 / 1996 / 1997 / 1998 / 1999 / 2000 / 2001 / 2002 - constantes obras de conservação, restauro e beneficiação dos edifícios que constituem acomponente construída da propriedade (conservação das coberturas, pintura de paramentos exteriores e interiores, limpeza de cantarias, manutenção infraestruturas de água e electricidade, etc.), intervenção ao nível do equipamento agrícola sobrevivente e aproveitamento dos terrenos de cultivo.

Observações

*1 - de João de Roxas e Azevedo (lado do Evangelho) e de sua esposa D. Maria Josefa de Contreras e sua irmã D. Francisca Agostinha de Contreras (lado da Epístola) . *2 - removida para intervenção de restauro. *3 - comparativamente com o edifício de habitação, a capela encontra-se em pior estado. Apesar de ambas as edificações terem sido pintadas exteriormente, o mesmo não se verifica ao nível do respectivo interior.

Autor e Data

Patrícia Costa 2001 / Teresa Vale e Maria Ferreira 2002

Actualização

 
 
 
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